13 de dez. de 2008

O mundo

O mundo desaba, se acaba, se encerra
O mundo se fecha, destrói, desconstrói
O mundo se quebra, se apaga, desliga:
acabam as pilhas

O relógio do mundo parou à meia-noite

O mundo é redondo;
eu penso quadrado
No mundo desando, o mundo é safado
O mundo embaralha o tempo,
desfaz os segundos,
minutos e horas
Refaz, no entanto, os meses e anos
perdidos no vento

O mundo é cruel, sadista
não sou masoquista
pra aguentar esse mundo

O mundo não para, assim como o tempo,
separa nós dois [em tantos momentos]
E ambos ficamos, e sempre estamos,
de mãos abanando
a deixar pra depois

6 de dez. de 2008

Trigais e Star Trek

Ele era hipócrita: não quereria alguém infeliz como parceiro, mas não era feliz. Que haveria de ver nele a pessoa feliz que quer? Que tem a oferecer? Infelicidade?

"Ofereço-te, meu amor, que, quando estivermos juntos, tua felicidade balanceará a minha, como a troca de calor entre corpos descrita na física." E te frustrarás.

Felicidade atrai felicidade. Teria, então que ser feliz para ficar feliz. Ou o contrário, não sabia. O de cima sobe, etc.


- três tigres tristes comem trigo em um trigal

- três tigres alegres dançam I will survive enquanto distribuem panfletos para seu próximo show na broadway. Na Broadway.

E os três tristes virarão canibais quando o trigo acabar. Só um sobrará, sozinho e sem comida. Ainda triste.

"EXTRA! EXTRA! Tigre comete homicídio duplo e suicídio na Guatemala!" Os Três Tigres Alegres suspendem sua turnê, em luto. Agora também tristes.


Não ligue para o que os outros pensam. Se você for estranho. Ligue para o que eles pensam se você for ''cool''. Pense em si mesmo o suficiente para que não te chamem de egoísta, e pense nos outros o suficiente para não te chamarem de idiota.

Não se preocupe com coisas do tipo: universo, deus, estrelas, buracos negros [bem, nem todos], fim do mundo, Star Trek e Jornada nas Estrelas. E filmes da Disney. Principalmente filmes da Disney.


Ei, se você gostar de si mesmo e da sua vida, talvez você seja feliz. Um abraço e com licença, que tenho que ir ao banheiro emancipar minhas fezes. Beijos, durma bem.

26 de nov. de 2008

Degustando cicatrizes

Não tenho um pássaro na mão. Nada nesta mão, nada na outra. Vejo dois deles voando livres, soltos. Não valem nada: não estão na minha mão; não posso tocar, então vejo, observo. Eu sei ver. Não sei se sei tocar; eu sei ver.

Observo, todos os dias, os dois pássaros voarem juntos. Não sei o que dizem um ao outro. Parecem felizes. Um deles valeria mais em minhas mãos. Para mim. Eu estaria feliz, talvez: não sei se sei tocar. Não me contento em ver. Não me contento com o que sei fazer, não quero fazer o que sei fazer. Não sou feliz com os pássaros voando. Não sou feliz como os pássaros voando. Não valem nada. Para mim. Parecem felizes.

Se eu tocasse um deles, não sei se esse seria feliz. Eu seria feliz? Mesmo se esse pássaro não o fosse? Só por estar em minhas mãos? Talvez — não sei: não estão voando por que eu os soltei após segurá-los; nunca os toquei. Não posso tocar. Seria arranhado se tentasse. Fui arranhado uma vez. Duas. Não me lembro quantas. Não posso olhar as cicatrizes e contar o número de vezes: não posso vê-las, apenas as sinto relembrarem-se de seu nascimento, sempre que observo os pássaros.

Dói olhar para os pássaros. Dói. Mas não posso tocá-los, então os observo enquanto enxergo. Enquanto pulso. E eles se empanturrarão degustando meus olhos, quando estiver morto. Depois partirão, já famintos — porém pacientes —, à procura de outro, tão fraco quanto eu.

19 de nov. de 2008

In cômodos

Ajustou o horário do despertador, desligou o celular e fechou os olhos.

Fechava os olhos.

Fechou os olhos.

Estava escuro, agora, apesar de leve luz que conseguia trespassar suas pálpebras e dos — já conhecidos de infância — pequenos ''estouros'' luminosos que implodiam vagarosamente em sua frente, como fogos de artifício particulares.

Isso o incomodava.

Estava silencioso, calmo, exceto pelos eventuais e inexoráveis carros que passavam e passariam pela rua próxima, pela madrugada. Havia, também, o barulho do ventilador e o irritante remexer das cortinas pelo vento.

Uma leve coceira na perna; passou. No olho, agora; passou também. O lençol está de ponta-cabeça. Ajeitou-o. Ao avesso, agora. Ajeitou novamente.

Pensava na vida; na sua vida, o egoísta: quem era ele para ficar pensando na própria vida assim? E os milhões de outros seres humanos em situações piores que ele? Ele deveria se sentir melhor por saber que havia muito mais gente se sentindo pior do que ele naquele exato momento?

Enfim, pensava na vida. Em coisas aleatórias. Em nada, em tudo.

Besteira de poeta. Ou presunção de não-poeta.

Queria dormir, estava cansado. Era como se algo o sacolejasse para que permanecesse como estava. Tinha que dormir, precisava acordar cedo para a rotina do amanhã, por toda a eternidade que ele viesse a resistir em vida.

Isso o incomodava.

Faz tempo que não escrevo pro blog, pensou. Vão achar que desisti. De novo.

Tinha que escrever, um dia. Fez umas anotações num caderno próximo, recolocou-o e deitou-se novamente.

E dormiu.

27 de out. de 2008

Únicos, os outros

Todos nós fomos programados para acharmos que somos seres únicos. Somos diferentes um do outro, não temos nada em comum. Ninguém nunca antes sentiu o que sentimos agora; ninguém nunca se apaixonou como nós, ninguém nunca amou como nós, ninguém nunca odiou como nós, chorou como nós, riu como nós, sofreu como nós, pensou, sentiu como nós. Ninguém tem uma vida como a nossa, por isso ninguém sabe como nós sabemos como nós somos. Ou pensamos que sabemos ser quem somos. Nós somos o que sentimos, e sentimos o que pensamos sentir, o que infraconscientemente queremos sentir. E pensamos, e sentimos, e somos.

Mas outros são, ou foram, também, o que pensamos sentir sermos. Eles — os outros — também pensaram o que pensamos; sentiram e foram. Disseram-lhes que eram únicos — como a nós. Mostraram-lhes filmes com finais felizes, onde tudo acabava bem — como a nós. Disseram-lhes que era besteira o que sentiam, que passaria tão rápido como viera — como a nós. Entretanto...

Entretanto, isso tudo foi-nos dito por outros que também tiveram isso dito a eles. Podemos acreditar no que nos dizem os outros? Só se acreditarmos que estejam certos. Podemos descartar o que nos dizemos a nós mesmos? Só se acreditarmos que estamos errados. Mas os outros: os outros já passaram por isso! Os outros tiveram tempo de se entender. Os outros devem estar certos.

[Os outros, é claro, acreditaram no que os seus outros lhes disseram, e que foi-lhes dito por ainda outros. Ainda outros poderiam estar errados, poderiam ter pensado erroneamente, poderiam ter-se equivocado como é de costume à nossa espécie. Talvez o pensamento de um dos ainda outros estivesse incorreto, e estes passados a diante até chegar aos nossos outros, que tentam passarnos-los também.]

Enfim, o caos. Não sabemos quem somos se não nos disserem quem ser e não sabemos, quando o somos, se certos estamos em ser. Ou se cegos estamos de ver, escolha sua rima. Escolha sua vida, escolha seus textos. Não deixe que outros a escolham. Não deixe que eu a escolha: este texto é somente uma opinião minha, escolha-o como sua somente se também já for.

Para os que leram o texto, perdão: o texto não leva a nada. Sai do desespero e desembarca na falta de esperança, não é um guia, não ajuda. Apenas constata: nada sabemos, e assim foi desde o começo dos tempos.

22 de out. de 2008

Armários e o fim do mundo

A terceira gaveta do armário não abria.

— Árvore que o pariu! - disse Fulano, já que as crianças estavam na sala.

Fulano de Tal herdara o armário do seu tio-avô, Cicrano de Tal. Cicrano não gostava muito da família, nem dos seus sobrinho-bisnetos e muito menos dos animais de estimação. Principalmente quando vinham com aquela história de "cadê o titio, cadê?"— fora assim, inclusive, que a Luzirlene morrera. Pobre coelha. Mas, enfim: Cicrano não tivera filhos, por que nunca se casara. Não gostava de pessoas em geral. Logo, tendo os outros sobrinhos morrido em um trágico acidente com uma beterraba, Fulano era o único parente vivo.

— Deixa disso, amor - insistiu Beltrana, sua mulher - você já deve saber que não vai abrir...

— E se tiver alguma coisa importante dentro?

— Bom, você podia arrancar a gaveta inteira...

— Mas o armário é tão antigo.

— Ai ai.

— Ai ai.

Fulano sempre suspeitara de algum tipo de tesouro da família que aquele velho Cicrano podia ter escondido de todos, aquele safado. Talvez pudesse até vender por um bom dinheiro. Ou pelo menos pendurar na parede da sala, quem sabe. Mas, primeiro, ele tinha que abrir a gaveta.

— Pô, Fulo - era assim que ela o chamava - não vai abrir! O mundo vai acabar e você tentando abrir esse armário!

No último ano, não saíra para o trabalho sem antes tentar — durante um mínimo de meia hora — abrir o armário. Tinha até perdido peso.

Um dia, ele ficou doente. O dia inteiro em casa, para tentar abrir o armário. Mas ele nem conseguia se levantar direito da cama, quanto mais fazer força para abrir o armário. Dormiu bastante. Quando acordou, estava tudo escuro e notou que o chão estava tremendo. Fulano começou a gritar e a correr pelo quarto, quando notou que a gaveta havia se soltado com o tremor intenso.

— Senhor! Depois eu lhe rezo os 42 pai-nossos que eu prometi!

Com suas últimas forças, foi olhar o conteúdo da gaveta, mas tropeçou e era tarde: o mundo acabara.

12 de out. de 2008

As Cores

Outro dia eu vi uma borboleta. Pequena, tão pequena. Precisava comer mais. Ela me chamou a atenção; não era grande, mas me chamou a atenção por suas cores. Cores, cores, cores; nem sei o nome de todas as cores que aquela borboleta carregava consigo. Por que motivo carregam cores consigo? Chamou-me a atenção pelas cores, mas talvez nem quisesse me chamar a atenção. Azul, verde, branco, lilás... não lembro quais cores existiam com aquela borboleta.

Ela chegou, aparentemente, de lugar algum. Não apareceu só por mim — se assim fosse, teríamos passado mais tempo juntos. Ela chegou. Não sei por quê, mas ela chegou. E se aproximou de mim como uma amiga de infância que há tempos não via. Eu tentei ignorá-la, eu tentei continuar o trajeto que já havia começado: em vão. Um milissegundo e me esqueci de tudo e ali estava ela. E onde estava eu? Esse tempo todo e onde estava eu? Eu a vi por tão pouco tempo e me esqueci — e me achei —, mas não a esqueci. Suas cores reverberaram por todos os canyons de minha mente, em anos, em um segundo. Nunca havia visto aquelas cores antes. Cores esdrúxulas, simples, lindas cores; será que só eu percebia?

Ela voou, voou, cambaleante — pois assim são as borboletas, mesmo esta —, mas, diferente das outras, ela não se afastou de imediato. Esta era distinta, esta tinha sua própria personalidade, tinha suas próprias cores, que ela mesma havia manufaturado. Tentei vê-la, olhei para ela. Mas ela não parava de se mexer, não se podia vê-la. Estiquei, instintivamente, meu braço e um dedo; ela percebeu meu erro, mas ainda assim pousou. Pousou e pude vê-la. E a vi, e ainda a vejo daqueles tempos, pois não a vejo mais. Naquele dia eu caí, e não consegui mais me levantar.

Borboleta, borboleta, voou, voou, pousou no meu dedo, tocou meu coração. Borboleta, aqui estou, aqui estou, cansado da vendeta e com saudade da razão. Borboleta, borboleta, teu vôo é uma graça, me empresta tuas asas pra eu poder saber o sabor. Borboleta, tuas cores são perfume, mas me tira da hipnose de querer ter teu amor.

5 de out. de 2008

Hoje

Hoje é o amanhã de ontem.

O tempo urge, ruge, urgentemente surge e some nas pétalas da rosa. Nos filmes do cinema, nos passeios pela praia. Nas alvoradas, nas tempestades, nos dias em que falta energia em casa. No engarrafamento, no escovar dos cabelos, no arrumar de roupas, no arrumar das coisas, no se preocupar com as coisas. O tempo some. Para nós. Para nosso consciente. Superconsciente, inconfidente.

Ontem é só um dos dias do mês passado no mês que vem.

Ficará arquivado nas pastas inacessíveis de nossa memória? Só o subconsciente sabe. E sabe inconscientemente, ecoando, escoando. Aquelas pessoas desconhecidas de nossos sonhos são as pessoas que nós não chegamos a conhecer. Mas nós já as vimos, em ruas, em estradas. De relance na calçada. Nos ônibus, nas filas dos cinemas. Nós já vimos e decoramos por completo sua aparência, mas não temos nada com que ligá-las em nossa memória. Sem nomes, sem preferências, sem frases, sem jeitos de falar, de andar ou de fazer as coisas. São arquivos mandados para a lixeira mas não deletados do computador.

Amanhã é o dia depois de hoje do ontem.

Se eu pudesse voltar no tempo eu não poderia voltar no tempo, então eu não voltaria no tempo. Mas se eu pudesse voltar no tempo sem não poder voltar no tempo, eu voltaria e me mudaria. Não poderia prever nada além do primeiro evento que mudasse, mas talvez bastasse mudar um evento para melhorar tudo, quem sabe todos. Esperaria que todas também. Mas eu sentiria as mudanças? As mudanças seriam para mim, quando eu voltasse — se eu pudesse voltar?

Hoje é o dia para o qual você não quer acordar, ontem é o dia que você quer mudar hoje e amanhã é o motivo pelo qual você não queria acordar ontem.

O tempo urge, o tempo ruge; ficamos surdos, assustados. O tempo passa mais veloz que a luz. Você não sente o tempo, não de imediato. Ele se acumula nas suas células até elas explodirem de tanto tempo acumulado. Então você se olha no espelho e vê você. O mesmo de ontem, talvez. Você só era você há pouco tempo, você não era aquela criancinha de 8-9 anos. Você nunca foi um bebê que não sabia falar. Você não sabe que foi. Pessoas lhe disseram que você foi. Mostraram fotos, evidências. Elas estavam lá. Mas, até onde você sabe, você nunca esteve lá com elas. Mesmo assim, mesmo vendo você mesmo no espelho, você pensa que mudou. "Estou mais velho", "estou mais feio", "estou menos atraente".

E está. Mas só porque você notou.

1 de out. de 2008

Ensaio dos últimos momentos.

Olhou para o horizonte e viu o mar infinito de palavras indizíveis que habitavam seus pensamentos nos momentos de solidão.

Uma gaivota pescou uma baleia e voou para longe.

Centenas de navios derramavam petróleo nas águas daquele mar — seu mar. E chorou com a corrupção daquelas palavras — indizíveis, mas queridas palavras, pensamentos, dúvidas, sonhos, momentos, criações.

O mar escurecia, agora. Veias negras se alastravam por entre as ondas, desafiando-as. Trovões rasgaram o céu como um grito de desespero, clemente. Nuvens negras aproximavam-se para demonstrar sua insatisfação com o ocorrido enquanto o sol se escondia com medo de que o apagassem. Peixes tentavam, sem êxito, a fuga daquele lugar que não mais existiria.

Viveria em terra. Para sempre. Sem jamais rever o mar. Ele mesmo despejara o petróleo e assistia agora a catálise desta parte do seu mundo. Sim, pois aquele era seu mundo, e os ventos dali gritavam por liberdade, enquanto choviam pedidos de socorro que ele ignorava, surdo. Surdo, mas ajoelhado à visão da mudança que provocara.

A gaivota vomitou os ossos da baleia que acabara de devorar e afogou-se nas águas pútridas do mar corrompido.

Levantou-se, enxugou as lágrimas e deu as costas ao mar, sem palavras de despedida. As últimas ondas cristalinas que restavam tentaram abraçá-lo uma última vez, mas ele fingiu que nada acontecia.

Uma só ilha naquele mar permanecera limpa; o sol se escondera nela. Suas palavras mais importantes, estavam todas ali. Todas as que ele mais queria esquecer.

Ainda chovia no seu mundo — a chuva só pararia quando ele voltasse ao mar, àquela ilha única de memórias que ele quis esquecer, e se lembrasse que era ali que jazia seu coração.

25 de set. de 2008

Luz da flor de lis.

Amor. O único sentimento que vejo como importante no momento. Um sentimento misterioso, intangível, infravisível. Não sei o que é o amor. Não conheço o amor, ninguém me apresentou o amor. Talvez o conheça por outro nome, mas como saber que é ou se é amor? O que sinto agora, o que senti nos últimos anos, talvez não seja amor. Talvez seja desespero. Vontade. Paixão? Qual a diferença entre paixão e amor? A intensidade, a duração? Quais os números exatos de cada equação? Qual variável pode mudar cada uma delas?

Sinto o que sinto e acho, sempre achei, ou comecei depois de certo ponto a achar que era amor. Mas por quê? Eu mesmo me forcei a achar isso. Eu mesmo me forcei a achar isso?

Talvez seja um teste. De quem? Eu não tenho certeza do que acredito. É só escolher qualquer uma. É isso? Um teste para ser salvo? Para ser salvo de quê? De mim mesmo. Eu não me entendo, eu não me conheço. Ninguém me conhece. Tenho que entender o amor para entender a mim mesmo.

Quanto tempo durarei assim, na indecisão e depressão e estupidez de não entender o amor. É esse o que acho que seja o teste. Deus quer ver quanto tempo eu aguento deste jeito, desse jeito. Eu tenho que desistir, e admitir que não, nunca vou compreender. É simples. Eu tenho que morrer. Suicídio. Ou talvez seja o oposto. Quanto tempo eu aguento até o suicídio. E os anjos fizeram apostas sobre mim. Mas eu não vou me matar. Não. Morrer não muda nada, muda tudo. Eu vou viver, tentar entender o amor. Achar alguém que me explique. Alguém que queira me explicar. Alguém que me apresente: este é o amor.

Mas não vou viver por coragem minha. Não vou viver por resistir. Vou viver por medo. Do que vem, ou talvez venha. Vou viver por que sou covarde para me decidir. Vou ficar no limbo da decisão — ou indecisão — para o resto da vida. Sem ação. Por medo, pura covardia. Medo da repetição, medo. Fico no limbo. Quando saí do limbo, vi a verdade; minhas ilusões se desmancharam, se confirmaram. Fico no limbo. Um ano no limbo, dois anos no limbo. Fico no limbo.

Não?

Preciso não-ver. Não-saber. Não-ouvir. Não-querer. Preciso deixar de ser eu. Preciso de uma máscara nova. Preciso de outro tipo de proteção contra o mundo, contra os outros. Arrogância. Desprezo. Egoísmo. Fodam-se. Fodam-se. Minha máscara derrete na presença da luz do incompreensível, preciso de outra.

E se eu voltar a pensar? A imaginar? A sonhar? A querer? Preciso de uma máscara para me proteger de mim mesmo. Não posso ser eu; não posso deixar que eu comande minha vida. Preciso ser forte, preciso não fazer o que eu quero, por que me fere. Fere os outros.

Finjo, então, não querer saber dos outros. Para protegê-los de mim. Para que não cheguem perto, para que não me conheçam. Para que eu não me conheça.

E quando eu morrer, Deus distribuirá o dinheiro das apostas.

24 de set. de 2008

Semana das Citações [dia 5]

Bom, devido à falta de comentários que venho ganhando com a semana das citações, abandonarei o projeto depois do tema que segue [apesar de cinco dias já serem uma semana de trabalho, já que há folga no final de semana].

AMORRRRRRRRRRRRRRRrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr s2



"A maior felicidade é a certeza de sermos amados apesar de ser como somos."
— Victor Hugo


"Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la."
— Drummond [que também inventou o avião]


"Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor. Como as outras, ridículas..."
— Fernando Pessoa


"O amor é a força mais sutil do mundo."
— Gandhi


"Se eu fosse a chuva, poderia conectar-me ao coração de alguém assim como ela pode unir os eternamente separados céu e terra?"
— Kubo Tite


"Se não segurar a espada, não poderei te proteger.
Enquanto seguro a espada, não posso te abraçar."
— Kubo Tite


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
— Antoine de Saint-Exupèry


"Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção."
— Antoine de Saint-Exupèry



* Obs.: Amor também será tema dos próximos dois posts. *

23 de set. de 2008

Semana das Citações [dia 4]

INIMIGOSSS! O que seria deles sem nós, sem alguém mais bonito, mais lindo, mais gostoso, mais charmoso, mais engraçado, mais espontâneo, mais legal, mais carismático, mais amigável, mais fodão, mais mais? Hã? NADA! HA! TOMA ESSA!

E aqui vão as frases do dia:



"Escolho o meu inimigo pelo alcance da minha flecha."
— Karl Kraus


"A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre."
— Oscar Wilde


"O primeiro humano que xingou a seu inimigo em vez de atirar-lhe uma pedra foi o fundador da civilização."
— Sigmund Freud


"Tome cuidado ao eleger seus inimigos pois pode terminar parecendo-se com eles."
— Jorge Luis Borges


"Perdoa a teus inimigos, mas jamais esqueças seu nome."
— John Kennedy


"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo."
— Nietzsche


"É lamentável que, para ser um bom patriota, tenha-se que ser inimigo do resto da humanidade."
— Voltaire


"O maior conquistador é aquele que vence o inimigo sem um único golpe."
— Provérbio Chinês




Kore de moari da. Até amanhã, boys and girls, com o tema AMORRRRRRrrr s2 <3

22 de set. de 2008

Semana das Citações [dia 3]

Amizade. Que coisa tão... tão... Esquece, aqui vão as frases:




"Amigos são aqueles que ajudam a nos colocar de pé quando nossas asas esquecem como voar."


"Um amigo é alguém que sabe a canção de seu coração e pode cantá-la quando você tiver esquecido a letra."


"Amigos verdadeiros são aqueles que vêm, quando o resto do mundo está indo embora."


"Os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos."
— Saint-Exupèry


"Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito."
— Luis Fernando Veríssimo


"Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
— Saint-Exupèry


"Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo."
— Voltaire


"Amigo, oculta a tua vida e espalha o teu espírito."
— Victor Hugo



Isso é tudo, pessoal! Até amanhã com... INIMIGOS! BAHAHAHAHAHAHHAhahaha...ha...

21 de set. de 2008

Semana das Citações [dia 2]

Continuando de onde paramos ontem. Hoje o tema é OTIMISMO! *ba-dum-pshh*

Aqui vão:


"Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando... Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu..."
— Luis Fernando Veríssimo


"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
— Fernando Pessoa


"Todo fracasso ensina ao homem algo que ele precisa aprender."


"A solução dos nossos problemas está dentro de nós."


"Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado."
— Roberto Shinyashiki




Isso é tudo de mais legal que eu consegui achar. -.-'

Amanhã, o tema será amizade. Que gay. Até.

20 de set. de 2008

Semana das Citações [dia 1]

Citação: ato de citar.

Citar: referir ou transcrever um texto.



Começa hoje a semana das citações. Todos os dias citarei frases ditas ou escritas por alguém. Cada dia será um tema diferente. Quando a frase estiver associada a um autor no site em que eu a achar, ele também será citado.

O tema de hoje é: PESSIMISMO. *trovões*




"
Nada está tão ruim que não possa piorar."


"
O tempo que demora executar uma tarefa é 3 vezes superior ao tempo inicialmente previsto. Se ao calcular a duração da tarefa multiplicarmos por 3 o tempo previsto de modo a obter o resultado correto, nesse caso a tarefa demorará 9 vezes esse tempo."


"
Somente os tolos não são pessimistas."
— Mark Twain


"
O verdadeiro pessimista fica ainda mais triste por ter sempre razão."
— Jacob Paludan


"
Pessimista é um sujeito que olha para os dois lados da rua antes de atravessar uma rua de mão única."
Laurence J. Peter


"
O otimista proclama que vivemos no melhor de todos os mundos; o pessimista teme que isso seja verdade."
James Branch Cabell


"A parte boa de ser pessimista é que você ou está constantemente certo ou é prazeravelmente surpreendido."
— George F. Will


"As pessoas têm esperança por que a morte é algo que não pode ser visto."
— Kubo Tite




Até amanhã. Ou não.

16 de set. de 2008

memories in the rain — op.2 [can't smile, don't blame] —

Pé de manga é quando você erra o lugar de colocar a camisa e veste ela nas pernas!

Bom, qualquer coisa que acontecer, já sabe: pode casar —digo, contar comigo!

Ai, que sexy!

Que aconteceu? Fala. Fala, vai. Você tá triste assim por quê? Diz... Por favor. Então me bate. Você vai se sentir melhor, vai. Não fica assim não...

Rodízio de sushi? Onde? Quem vai? Ah, tá bom... A gente se vê lá, então!

Você vai comer só isso? Tá querendo virar modelo, é?

Oi. São... 12:34. Por quê? Hã? E você fica um minuto olhando pro relógio quando dá 12:34? Aff, um, dois, três, quatro...

Quê? Vocês brigaram? Terminou com você? Não se preocupe, eu tenho certeza que vocês vão voltar. Então escreve dizendo o que você tá sentindo, o que você quer, tá bom?

Ei, eu tenho uma coisa pra te dizer, mas eu não tenho certeza se eu quero dizer. Pensar nisso? Eu passei essa última meia hora pensando se dizia ou não... É exatamente o que você está pensando. Desculpa.

Droga, eu não devia ter dito nada... Muito menos escrito aquela carta. Puta que pariu, puta que pariu... E agora?

Tá... tudo bem, então? Certo, eu vou tentar...

Já vou comer. Espera. São 12:34. Daqui a um minuto eu vou...

15 de set. de 2008

memories in the rain — op.1 —

Um, dois, três, quatro; que horas são?

Bom dia! Tudo bem? Como foi lá? E de resto? Uhum. Sei. Hahahaha! É mesmo! Hoje é quarta, é? Ah meu deus, ainda é quarta? Tem feriado esse mês? Não? Ai, ai.

É agora. Dia dois. Não sei, talvez. Se tiver, deve ser na outra semana. Pois é, ainda tenho que avisar todo mundo. Será que todo mundo vai?

Foi legal, né? Mas, sei lá, acho que devia ter feito de outro jeito; é sempre igual...

Quem é? Sentou deste lado. Sei lá, você acha? Falou com você? E é legal? Nossa, nunca imaginei. Ninguém mais veio assim. Será? Que cara foi aquela? Que coisa íntima. Estranho... Será? Será?

Em tão pouco tempo... Hahahaha! MSN? Ok. Diz o seu. Anota em algum lugar. Na mão? Tá bom... Assim que eu chegar em casa, vou ficar online!

Nossa... É estranho... Por que assim, agora? Talvez seja mesmo, pro resto da vida. Pra sempre? Pra sempre... Agora vai dar certo, vai valer a pena. Não deixe passar.

Cheio de mulher lá. Só mais uma outra ali. Foi? Le-legal...

Hã? O troco. Ah, obrigado... A sua carteirinha. Desculpa. Eu quero chegar em casa, eu quero chegar em casa... Por que não anda?! Por que o sinal não abre?! Merda!

Idiota. Por que você pensou isso? Você quis que fosse, acabou parecendo. Imbecil. Burro. Você realmente achava isso? Tudo culpa sua; tudo culpa minha. Meu deus, como eu sou idiota!

E agora? Continua tudo normal. Tudo... E você? Vai assistir às próximas aulas? Eu não sei. Acho que volto mais cedo.

Vai passar o ano novo onde? Vou ficar aqui mesmo. Até ano que vem!

Tem um filme novo essa sexta. Vamos todos juntos? Não deve estar muito lotado. O que foi? Não vai? Bora! Por favor. Tá bom, outro dia a gente vai, então.

Foi só você, nesse tempo todo. Mais de seis anos, eu acho. Você veio assim, do nada! Eu podia ter te conhecido bem antes.

Eu nunca falei sobre essas coisas pros outros. Eu nunca quis falar. Mas eu falo, eu quero falar agora.

Quatro anos lá. Viajei bastante por lá, também. Você também? Quando?

Eu? Ajudar a escolher roupas? No máximo eu posso dar minha opinião, que não deve contar muito mesmo... Mas tudo bem, eu vou.

Eu gostei de algumas mulheres na minha vida, acho que não muitas. Isso depois dos 8, 9 anos que foi quando eu mudei pra algo mais tímido... antes eu era um exímio galinha. Talvez tenha sido melhor assim.

Que horas são? Um, dois, três, quatro.

13 de set. de 2008

H.E.Co.S.Fa. [DOIS]

- Err, você quer alguma coisa?

- ...takeopareo...

- Como?

- Éee... nada não....

- Você veio até aqui pra nada, então?

- Ah... err... na verdade... o meu amigo me...

- Como é? Você fala muito baixo...

- Ah, hm... Desculpa, é que... O meu amigo... Digo, eu...

- Ai meu deus.... Isso é uma cantada...?

- Bom, eu... acho que poderia ser considerado uma cant—

- Olha aqui, eu tenho namorado.

- Ahh, eu... Eu sei...

- Então?

- É que... você... é...

- Eu sou linda, a estrela da sua manhã, você não pode viver sem mim, eu ilumino os seus dias... Tem alguma outra coisa pra me dizer, ou vai sair daqui?

- Ah, eu... eu acho que não...

- Então, chispa, menino!

- Como você quiser...



- E aí, Victor?

- E aí o que, seu viado?

- Que foi cara!?

- Você, que me fez falar com aquela dona lá, aí ela me deu um fora escrotoso!

- Acontece, né?

- Acontece? Acontece!? Ela tinha namorado, seu insano! Eu disse que ela tinha e, mesmo assim, você me empurrou pra lá e eu tive que falar alguma coisa!

- Sim, mas agora você tem mais experiência.

- ...vsfdr...

- Hã?

- Nada não...



- O que aquele cara tá fazendo subindo na mesa ali?

- ...sei lá...

- Porra, Victor, foi mal... Mas já passou... Fala direito comigo.

- Tá, tá.

- Aquele cara da mesa falou alguma coisa... Que será?

- Ele deve estar bem bêbado.

- ATENÇÃO, SENHORAS E SENHORES!!!

- Caralho, ele tá com uma arma!

- ISTO NÃO É UMA BRINCADEIRA!

-
Puta que o pariu...

- EU QUERO UM ENCONTRO COM AQUELA MENINA GOSTOSA ALI DE BRANCO!!

-
Hã?

- Que... tosco. Acho que todo mundo se calou envergonhado.

- E... lá vem ela...?

- Como?

- EU QUERO UM ENCONTRO COM VOCÊ!!

- Você tem problemas.

- NÃO, EU TE AMO! VOCÊ ME IGNORA NA FACULDADE, MAS EU TE AMO!!

- ...você estuda comigo?

- VOCÊ É LINDA
, A ESTRELA DA MINHA MANHÃ!! EU NÃO POSSO VIVER SEM VOCÊ, VOCÊ ILUMINA OS MEUS DIAS!!!

- Você precisa de um psicólogo. Ou talvez seja melhor pular direto pra um psiquiatra.

- HÃ!?

- Sem chances de nós ficarmos juntos, seu louco metido a terrorista! Eu nunca vou gostar de alguém como você, era melhor se você morresse!

- ... TUDO BEM, ENTÃO! SE É ISSO QUE VOCÊ QUER!

-
Ele... se matou?

- ...acho que sim...

- E então, vamos pra outra festa? O chão daqui tá meio sujo agora.

- Ok!




— E AQUI ACABA A MINHA FALTA DE INSPIRAÇÃO* —


Moral da estória: não faça nada insano por ninguém, principalmente se isso envolver sua própria morte. Ou não.

*[mas ainda volta em outros formatos]

12 de set. de 2008

História experimental composta somente de falas [UM]

- Minha vossa nossa senhora aparecida do socorro perpétuo!

- O que foi?

- Olha ali!

- Onde?

- Ali, porra, do lado do portão vermelho!

- O que é que tem?

- VOCÊ TÁ CEGO!?

- Não, por q—

- VOCÊ NÃO TÁ VENDO AQUELA GOSTOSONA ALI?

- Calma, cara.

- Você que fica nessa viadagem aí. Olha pra lá.

- Certo.

- Só tem 4 pessoas ali, se concentra e me descreve todas.

- Ahn?

- Descrever! Diz como elas tão vestidas, como elas são, o que elas tão fazendo...

- Ah! Ok... Erhm... Tem uma mulher com um... acho que é um moicano? É, um moicano. Ela tá usando uma jaqueta de cour—

- Próxima!

- Tá... É... Uma outra mulher com um vestido vermelho, os cabelos louros... mas tá de costas, não dá pra ver o rosto... Ah, ela virou!

- MEU DEUS! PRÓXIMA, RÁPIDO!

- Nossa, o nariz dela parece com o do Michael Jackson!

- Porra, Victor, eu ia fazer o meu prato agora! E eu já disse: próxima!

- Ah, desculpa... Tem uma outra mulher ali, ou moça, sei lá como eu chamo, parece bem nova. Ela tá usando uma blusa branca com uns detalhes rosas... E parece ser bem bonita.

- Era sobre ela que eu estava falando antes.

- Por que você não disse logo qual era?

- Porque eu não achei que você fosse ficar viajando aí, falando das outras duas mulheres horroríveis que tão do lado daquela lindona ali! Agora vai lá praticar suas habilidades queixeiras.

- Mas... a quarta pessoa que tá ali é um homem, e tá de mãos dadas com ela...

- E?

- Como e?

- E daí?

- Daí que ela deve namorar com ele, né?

- Sim... E?

- E o namorado pod—

- Olha aí, o cara saiu de lá. Deve ter ido ao banheiro. Aproveita e dá uns queixo nela.

- Quê? Falar com ela, lá? Sozinho?

- Você não vai me querer atrapalhando, né? Vai logo!

- Gah, não me empurra!

- Err, você quer alguma coisa?

- ...takepareo...


— CONTINUA QUANDO MINHA INSPIRAÇÃO VOLTAR —

Moral da estória [por enquanto]: não vá ao banheiro ou um amigo meu vai me empurrar e me fazer conversar com sua namorada, podendo até roubá-la. Ou não.

9 de set. de 2008

baunilha

baunilha baunilha baunilha chocolate baunilha

você escolhe um só, nunca gosta dos dois

baunilha baunilha chocolate baunilha

os dois não podem agradar, mas com um dá pra se contentar

baunilha chocolate baunilha

o chocolate é tão bom, derrete na boca

chocolate baunilha

jogue fora a baunilha, não tem nada especial

baunilha...

jogue no lixo a baunilha, no mesmo onde jogou sua inspiração

chocolate? pois não.

8 de set. de 2008

Voilà

Vejo vários vilões
vertendo suas vozes em nossas veias,
vocificando suas vontades
vomitando verbos e
vivendo
melhor do que nós.

Vejo valises vérmicas,
verdadeiras virtudes veladas aos ventos,
visitas voantes,
velhos violões
vorpais
atravessando nossas cabeças.

Veremos, viremos, venceremos;
um dia, amanhã...
há tanto tempo.

Vimos, viemos, vencemos;
ontem, hoje...
faz tanto tempo.

Voltamos, tristes; sabemos:
agora não temos
nem mais um minuto

E aqueles vilões que nos venceram
[mesmo sem que saibamos]
voltam para casa,
viver
novamente
melhor do que nós.